Ecologia - 19 de abril de 2023

Dia dos povos indígenas: Conheça expressões que devem ser evitadas

“Tribo”, “quem fala mim é índio”, “cabelo de índio” e o próprio termo “índio” são algumas expressões anti-indígenas para tirar do vocabulário. Em alusão ao Dia dos Povos Indígenas, nesta quarta-feira (19/04), a Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur) ouviu os povos originários e especialistas sobre o assunto. Turistas têm descoberto no etnoturismo vivências inesquecíveis dos […]

“Tribo”, “quem fala mim é índio”, “cabelo de índio” e o próprio termo “índio” são algumas expressões anti-indígenas para tirar do vocabulário. Em alusão ao Dia dos Povos Indígenas, nesta quarta-feira (19/04), a Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur) ouviu os povos originários e especialistas sobre o assunto.

Turistas têm descoberto no etnoturismo vivências inesquecíveis dos povos ancestrais do Amazonas. Para a artista Thais Kokama, este segmento do turismo fortalece as tradições e a cultura indígena, mas é preciso estar atento e praticar a atividade de forma consciente.

“O termo índio e o termo tribo desconsideram as mais de 300 etnias que nós temos no nosso Brasil. Outro erro é ficar batendo na boca fazendo aquele barulhinho, algo que também desconsidera 274 línguas faladas que nós ainda temos no nosso País. São os termos que eu gostaria muito que as pessoas não utilizassem mais”, ressaltou Kokama.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população indígena do Amazonas ultrapassa mais de 160 mil pessoas, divididas entre 60 povos.

De acordo com a historiadora e professora titular da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Patrícia Melo, é essencial repensar discursos preconceituosos e combater falas e ações discriminatórias.

“Um dos mais frequentes (erros) é a desqualificação de seus modos de vida e suas percepções de temporalidade desqualificando-os como preguiçosos. Isso é um erro crasso. Outro importante é aquele que pretende negar sua condição étnica porque não atende a estereótipos de vestimenta ou comportamento. Um erro bruto de quem pensa que alguém ‘deixa de ser indígena’ porque usa roupas ou celular”, pontuou a especialista.

A influenciadora indígena, Ira Maragua, acredita que as redes sociais podem ser boas ferramentas para quebra de rótulos carregados de desinformação.

“A rede social veio para quebrar esses estereótipos. Nós usamos a nossa rede social como uma forma de ferramenta para defender a nossa etnia, a nossa cultura. Hoje em dia, a internet é o nosso arco e flecha, é a nossa proteção”, destacou a influenciadora.

Dia dos Povos Indígenas

O “Dia do Índio” passou a ser chamado oficialmente de Dia dos Povos Indígenas, desde julho de 2022, quando a Lei 14.402/22 foi promulgada. Segundo o texto da lei, a mudança do nome tem o objetivo de explicitar a diversidade das culturas dos povos originários.

“É uma ideia equivocada, que reduz culturas tão diferenciadas a uma entidade supra-étnica. O Tukano, o Desana, o Munduruku, o Waimiri-Atroari deixa de ser Tukano, Desana, Munduruku e Waimiri-Atroari para se transformar no ‘índio’, isto é, no ‘índio genérico’”, disse o professor, Ribamar Bessa, em seu artigo denominado “As cinco ideias mais equivocadas sobre os índios no Brasil”.

FOTOS: Tácio Melo/Amazonastur

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