
Pint of Science 2025 chega a bares de Manaus para debates sobre HIV, saberes indígenas, queimadas e vício em jogos
Entre os dias 19 e 21 de maio, o conhecimento científico vai ganhar as ruas de Manaus. O festival internacional Pint of Science 2025 retorna à capital amazonense com uma proposta inovadora: levar a ciência para fora dos laboratórios e aproximá-la do público, em conversas diretas e acessíveis. A programação gratuita acontece no Largo de […]
Entre os dias 19 e 21 de maio, o conhecimento científico vai ganhar as ruas de Manaus. O festival internacional Pint of Science 2025 retorna à capital amazonense com uma proposta inovadora: levar a ciência para fora dos laboratórios e aproximá-la do público, em conversas diretas e acessíveis. A programação gratuita acontece no Largo de São Sebastião, um dos espaços mais emblemáticos da cidade, e se estende para bares e centros culturais como a Casa do Pensador, African House e Frankfurt Choperia, todos localizados no Centro, zona sul de Manaus.
A iniciativa conta com o apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, e é totalmente aberta ao público.
Um evento global que fala com a realidade local
Criado na Inglaterra em 2012, o Pint of Science chegou ao Brasil em 2015 e hoje está presente em mais de 25 países. Em Manaus, o festival ganha uma identidade única, com temas relevantes à realidade amazônica e a participação de pesquisadores e instituições locais.
Para a médica infectologista Lorena Pereira, coordenadora do festival na cidade, o evento é uma ponte essencial entre ciência e sociedade. “Vivemos numa cidade que enfrenta sérios desafios em saúde pública, como os altos índices de ISTs (infecções sexualmente trasmissíveis), e ao mesmo tempo é um território riquíssimo em saberes tradicionais. Levar essas pautas para espaços públicos é mais do que necessário, é urgente”, afirma.
Dia 19 de maio: Saúde em foco
A partir das 19h na Casa do Pensador, o tema será “Prevenção e tratamento de ISTs”. Dados recentes mostram que a sífilis é hoje a IST mais comum em Manaus, e os casos de HIV continuam crescendo. O debate contará com a presença de Izabella Safe (FVS-RCP/UEA) e Adele Benzaken (AHF), trazendo um olhar técnico e humano sobre o tema. Durante o evento, serão distribuídos preservativos e materiais informativos, unindo teoria e prática em uma ação de saúde pública.
Dia 20 de maio: Saberes indígenas em destaque
Às 19h no African House, o foco será o conhecimento ancestral com o tema “Diversos povos, diversas vozes, diversos saberes”. O encontro será conduzido por membros do Colegiado Indígena da UFAM (Colind), que vão apresentar projetos acadêmicos alinhados às tradições de seus povos.
A programação será dividida em dois momentos. O primeiro bloco (19h às 20h) contará com Sileusa Monteiro, Ronaldo Adzaneeni e Geovane Medzeniako, abordando as tecnologias e saberes da cosmovisão indígena Baniwa. Já no segundo bloco (20h às 21h), Viviane Cajusuanaima, Jaime Diakara e Martinho da Silva Teixeira vão compartilhar práticas alimentares, rituais de fermentação e cânticos sagrados dos povos Ye’kwana e Yanomami — um mergulho em culturas milenares ainda pouco reconhecidas pela ciência formal.
Dia 21 de maio: Meio ambiente e saúde mental
O encerramento do festival será às 19h na Frankfurt Choperia, com dois temas urgentes: o vício em jogos digitais e as queimadas na Amazônia.
O psicólogo Dr. Enio de Souza Tavares (UFAM) vai conduzir a discussão sobre o uso excessivo de jogos por crianças e adolescentes, um fenômeno crescente que já é classificado como transtorno pela OMS. Em seguida, o professor Rodrigo Augusto Ferreira de Souza (UEA) analisará os impactos ambientais e na saúde provocados pelas queimadas na região urbana de Manaus, que vêm gerando recordes de poluição atmosférica nos últimos anos.
Para a coordenadora Lorena Pereira, mais do que um evento, o festival é um convite ao diálogo. “É um momento de aprendizado, troca e, acima de tudo, aproximação. A ciência precisa sair dos muros das universidades e chegar onde as pessoas estão. Seja no bar, no Largo ou na mesa de casa, o importante é conversar”, disse.
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