MANAUS-AM/Os artistas do povo Kokama residentes em Manaus têm uma presença marcante na cena das artes, e estão com quatro representantes, Chermie Ferreira e três parentes do Clã Marikawa na 2ª Mostra de Arte Indígena.
A presença dos Kokama no evento é muito marcante desde a primeira Mostra Indígena em 2021. Destaca-se também o trabalho maduro da artista Chermie Ferreira, que tem conquistado espaço no mercado de artes de São Paulo e forte ativista do movimento de arte urbana.
Kawena
Alcileni Kawena Maricawa, 33, que assina em suas obras “Kawena” –que significa vem do Osso, em nheengatu-, filha de pai e mãe Kokama, formou-se em machetaria de quadros na Escola de Artes do Instituto Dirson Costa de Arte Cultura Amazônicas, em 2007, tornando-se a primeira mulher kokama artista plástica de machetaria da Amazônia.
Cacique Marikawa
O artista é liderança de seu povo, moradores do bairro Grande Vitória, na zona Leste de Manaus, e foi o idealizador do grupo batizado de Clã Marikawa composto de seu primo e irmã, ambos da nova geração de artistas indígenas. “Nessa segunda mostra trazemos símbolos naturais e elementos que expressam a identidade dos kokama, e também de outros povos da região”, afirmou.
Yarikawa
Estreante na mostra, o artista visual, Francisco Yarikawa, já participa do movimento de arte urbana de Manaus. Nascido no município de Tabatinga na tríplice Fronteira.
Chermie
A artista visual, Chermie Ferreira, tem uma carreira sólida construída como ativista do movimento de arte urbana com o grafitti entre Manaus e São Paulo.
Nascida em Manaus, ela conta que aprendeu sua arte na rua fazendo graffiti. “Atualmente eu vivo somente de arte, participo de exposições de artes no Brasil, tenho obras em galeria em São Paulo, participo de festivais de arte urbana e muralismo”, conta. Ela informa que além de ser artista, produz festivais de graffiti em outras cidades.
Sobre as duas obras em exposição na mostra indígena, Chermie explica que usou dois remos velhos quebrados e avariados como telas para seus desenhos. “Os nomes das minhas obras são, Mãe Amazônia e a outra é Mãe originária”, explicou.
Povo Kokama
A população do povo Kokama, moradora de Manaus, é considerada a maior entre os grupos étnicos fixados na capital, originário da região do alto rio Solimões. Para a Coordenação das Organizações dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime), a população Kokama em Manaus é de 1.400 pessoas, segundo um levantamento feito em 2019.
A dirigente da Copime, Marcivana Sateré-Mawé, comenta sobre a beleza da mostra afirmando que os indígenas são artistas por natureza, e isso se deve a profunda ligação espiritual que une a natureza e a memória dos seus antepassados. “A arte indígena é um dom herdado dos antepassados inspirada por suas memórias, lutas e resistências. Por isso, a arte é viva, é vida e presente transpondo os limites do tempo”, reflete.